domingo, 11 de março de 2012

Ciclo Invertido

Nos últimos tempos, a sociedade tem caminhado à procura de uma vida digna de o ser. O marketing entrou em força nas nossas vidas e obrigou-nos indiretamente a querer ser mais para ter mais. Logo aí podemos verificar a inversão da ordem natural das coisas. Não deveríamos querer ser mais, simplesmente, e sermos recompensados se o conseguíssemos? Acontece que as pessoas perceberam que a vida funciona quase ciclicamente e pensaram que poderiam chegar ao meio começando pelo fim. Não posso dizer que estavam enganadas de todo, porque na verdade um ciclo é um ciclo e por isso não tem princípio, meio nem fim. Na verdade, o que temos tentado fazer é inverter o ciclo, como uma criança que resolve um labirinto ao contrário. Porquê? É mais fácil. Prevemos os obstáculos. Temos mais conhecimentos. Não parece existir a possibilidade de perder e por isso, sentimo-nos superiores ao próprio jogo!
Reparem bem, muitas vezes...
 1º - Em vez de elogiarmos os outros por eles serem nossos amigos, elogiamos os outros para eles se aproximarem de nós.
2º - Em vez de percebermos que para termos poder de compra, temos de produzir, achamos que só conseguimos produzir se houver poder de compra.
3º - Em vez de balançarmos os extremos, caímos no extremo do equilíbrio.
4º - Em vez de a fama ser atingida graças ao dom de cantar, só se consegue mostrar ao mundo esse dote, que muitas vezes não é considerável, se formos famosos. 
5º - Em vez de ganharmos dinheiro por trabalharmos, só arranjamos esse trabalho se a nossa família tiver dinheiro.

Ora, parece-me que estamos perante um grave problema, porque quem fica de fora do ciclo quando merece um lugar no pódio acaba por se posicionar e tirar o lugar a todos estes falsos atores.
1º - Uma amizade proveniente de elogios falsos nunca poderá ser verdadeira.
2º - O poder de compra necessita de algo que o sustente, porque comprar pagando com nada implica deixar de comprar, porque o vendedor não irá conseguir produzir.
3º - Viver em busca do equilíbrio extremo obriga-nos a recuar para compensar demasiados avanços e a estagnação retira valor à vida.
4º - Se esse dom for apenas exposto devido à fama, acaba por destruí-la.
5º - Não conseguimos o respeito de quem nos contrata e acabamos por seres meros objetos de troca.

Não vejo nenhuma solução a não ser questionar os nossos próprios paços e certificarmo-nos de que para além de nos pertencerem, fazem parte dos nossos sonhos, mesmo que sejam errados. Basta amar por amar e não querer mais amor do que aquele que se ama, por não ser possível alcançá-lo!

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