quarta-feira, 20 de julho de 2016

Um Ponto

Um tiro no mar não destrói nem mata,
Apenas agita as águas, acorda os peixes,
E assusta as tripulações em redor.
Respira fundo, foca o olhar,
Concentra as tuas forças


Pausa.

Pressiona o gatilho!

Amanhã tudo será igual,
Não te darás conta dos peixes que morreram
E ninguém te levará a tribunal
Provas? Testemunhas?
Ninguém irá ver,
E as águas voltarão ao sítio.


sexta-feira, 15 de julho de 2016

Ressurreição

Canto a alegria, como vingança da tristeza,
Na maré do anoitecer, livre de rotina!

Nada está marcado, nada há para fazer,
Naquelas horas em que ajeitas o quarto,
Vestes o pijama e te preparas para adormecer.
Dura apenas um resquício das trocas de olhares,
Dos bons dias e boas tardes, das tragédias,
Das histórias, das partilhas e dos pequenos gestos.

O corpo e a mente respiram, refletem sem pensar,
Os músculos retraem-se,
E a alma armazena energia cinética,
Para o dia que está para começar.

Nada será igual depois da ressurreição,
E o incerto acontecerá
Se o raciocínio não tiver conclusão.
Tudo é errado depois do fim,
Mas tão poderoso se o conseguir ultrapassar!



sábado, 2 de julho de 2016

Matéria(l)

Os dias de sol abrasam as almas frias
Puras, brancas, vazias,
Demasiado apropriadas à meteorologia

A sociedade é um isqueiro
Que acende o gelo
E faz do nada, energia.
Queima, Queima, Queima,
E desfaz o que seria
Se não fosse imune a si próprio

A natureza é um quadro,
Que não acende, nem pega,
Um pedaço de nada,
A origem de tudo
E só voltando a ela
Se começa de novo
A alma que será

É difícil estar cá,
Lá é orientador,
Menos disperso,
Mais concreto
Mas cá é onde está o caminho!

Não há dia sem sol,
Não há sol sem galáxia,
Não há galáxia sem matéria
Não há matéria sem substância
Ou há?

Há sociedade sem alma
Há almas sem lume próprio
Há pessoas sem voz
Há tudo sem nada

E nós?
Somos tudo com nada,
E nada com tudo!

Façamos lume,
Façamos luz,
Crie-se substância com a matéria
Razão com o pensamento,

Sentimento com algo.