domingo, 26 de janeiro de 2014

Auto-Adversário

O problema é que a sociedade e a vida são justas demais
E todos se esquecem que ninguém vence a Natureza
Mesmo que os dias sejam tristes e as águas paradas

A batalha mais difícil é sempre aquela que criamos com nós mesmos
Porque a guerra que declaramos aos outros
Mesmo que perdida

Nunca é culpa nossa

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Esperança

Parece que o mundo vai acabar quando dizes que não em silêncio
E todas as palavras já ditas e verdadeiras
Perdem o valor quando me inundas nessa ausência negativa
Que arde mais do que fortes facadas que não quero ouvir!
Preciso da presença, da confirmação, do sim ou do não,
Preciso de ouvir o que vejo em gestos,
O que a razão já concluiu e o conselheiro já disse
Preciso de ouvir o que já sei para saber que sei!

É tão difícil acreditar tanto quanto é difícil não o fazer
O sol é sempre o mesmo, a lua tem rotina marcada,
E nada é mais belo no mundo do que acreditar na beleza
Que está para além dele!
Somos animais que vivem à procura de magia,
À procura de algo que não sabemos,
E criamos mística nas coisas que não nos satisfazem!

Há sempre um canto por completar,
O coração, repleto de sangue, parece que não bate,
O dia nunca acaba,
E só o ano passou depressa!

Impacientes, queremos que chegue o fim de semana,
Mas ficamos fartos dos domingos longos,
Dos programas de televisão sem conteúdo,
Dos filmes que vemos sem vontade!

A vida e o mundo precisam mais de nós do que das coisas,
E é por isso que questiono o porquê de depositarmos
A responsabilidade de preencher a nossa vida
Em coisas desprovidas dela.

Somos eternas crianças,
Com problemas mais embrulhados
E com equações mais compridas por resolver,
Mas o que está dentro do embrulho não muda,
E as regras de resolução são sempre as mesmas!
A arte de viver está em conseguir ultrapassar as camadas de papel
E não deixar de ver o que está dentro do embrulho,
Está em olhar para a equação,
E, com calma, moderação, confiança, entrega e clareza,
Recordar as regras que nos ensinaram na primária
E aplicá-las
Nunca esquecendo que não se resolvem equações a caneta,
E que também não serve de nada escrever a lápis,
Se não tivermos sempre connosco uma borracha.

No papel,
O corretor nunca fica bem,
E se escrevermos antes de ele secar,
O aspeto piora ainda mais
E todos nós acabamos por arrancar a folha.

É só aqui que a metáfora deixa de fazer sentido,
Afinal, na vida não pudemos arrancar folhas,
Terminar capítulos antes do tempo,
Nem deixar parágrafos por ler.
A única solução é esperar pela próxima página
Sem perder o autocontrole, a paciência e a razão:
Só assim poderemos acreditar no facto

De que a ausência injustificada pode trazer um sim!