quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Lixo


Detesto barulhos e sons abarulhados que se pensam pensantes e não passam de mais um descarregar daquilo que sobre do núcleo das nossas células!

Detesto coisas e coisinhas que ocupam a minha liberdade de pisar todos os lugares do mundo sem aleijar os meus pés que tudo têm a descobrir!

Detesto tralha e montes de coisas que eu acho precisar quando seria mais feliz sem a interferência que fazem na pureza do meu lar.

Simplificando:
Detesto e detesto tudo aquilo que me distrai do amor que tenho pela vida!


terça-feira, 11 de setembro de 2012

O medo


Tive medo das palmeiras selvagens!
Receei perder os muros que construí para me protegerem de todos os agentes externos que não tocassem à campainha
Receei que me ocupassem todo o espaço do meu belo jardim e que roubassem a terra às flores que me foram oferecidas
Receei que as suas raízes invadissem as vidas que amei e amo da horta que cuido
Receei que as suas folhas tapassem a vista da janela do meu quarto e me arranhassem os vidros
Receei, acima de tudo, que crescesse mais do que eu e se tornasse num cancro do meu jardim, impossível de eliminar.

Optei, então, por uma palmeira que se irá manter no tamanho ideal e estaticamente bela exatamento no centro do meu jardim.

Mas nunca, nunca mesmo, serei capaz de olhar para ela e encontrar vida algures nas suas pequenas folhas!

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Aqui

A felicidade está mesmo aqui
(ao meu lado)
Como um amigo que me segura as lágrimas e me oferece sorrisos.

Toca-me todos os dias
E lembra-me de que estará sempre pronta a ajudar
(quando puder)
E eu fico nas ruas da saudade à espera que ela volte 
E me impeça de chegar à avenida da tristeza.

Mas a felicidade está sempre aqui
(Disso não posso ter dúvidas)
Só que também está ali e acolá.

E eu?
Terei de viver sempre atrás dela?
Não posso. Seria ainda mais infeliz.

Vou continuar no meu lugar
(Aqui)
E trazer a felicidade até ele
Ou então, criar a minha própria felicidade!

domingo, 9 de setembro de 2012

Sinos

Preciso de sinos sonâmbulos
Que gritem inconscientemente
Sempre que eu precisar
E ignorem aquilo que eu acho
Precisar de saber!

Sinos absolutamente irracionais
Capazes de vibrar as minhas certezas
Para estabilizar as minhas dúvidas
E lembrar-me de algo suspenso
Que só eu possa conhecer!

Preciso de sinos leves de transportar
Que dispensem tarefas vazias
E sonhos de periferia
Que nunca me iriam permitir
Chegar ao meu próprio centro!

Sinos que tocariam
Sempre que eu quisesse
Sem saber que queria!

Sinos que seriam meus
Mas nunca me iriam obedecer
A não ser ao pedido de um final feliz!

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Uma coisa para o poética

Encruzilhada num nó de coisas
(Coisas que não sei o que são)
Agarro-me às coisas suspensas
E fujo das coisas que me amarram
Sem dó nem saudades das coisas
Nem vontade de apanhar as outras coisas
Às quais me agarro!

Coisas que parecem formigas
Que de tantas e tão pequenas
Se tornam numa tormenta
E mesquinha tempestade
Que me moi e remoi
As grandiosas coisas que guardo
Despedaçando-as em coisinhas
Que ainda me servem para menos
Do que as coisas, simples coisas.

Que coisa quero?
Alguma coisa que não seja coisa.
Algo que seja
Só por si!

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

O absoluto

Aqui tão perto
Aqui tão longe
Contemplo-o
Sabendo que nunca lhe tocarei!

Não o procuro
Puxo-o até mim!
E no dia em que o agarrar
Eu estarei lá
Naquela linha invejada
Porque eu
Serei o próprio
Horizonte!

domingo, 2 de setembro de 2012

segura-os

A terra firme deveria ser elevada
Ao mais alto ponto do céu
E vencer as nuvens mais carregadas
De sonhos prestes a se desfazerem
Nas águas dos monótonos rios.

Digam-me:
Porque é que nem todos nós podemos sonhar em dias de sol?