sábado, 25 de agosto de 2012

Sempre Sonhando com a Sonoridade de Sophia

Nos últimos dias tenho-me deparado constantemente com a página do word em branco e não me parece que seja por não ter algo a dizer, mas sim por ter demasiadas coisas que não consigo filtrar e passar para o papel. Talvez tenha de escrever sobre essa mesma tempestade de emoções indecifráveis. Até isso acontecer deixo-vos com um poema de Sophia de Mello Breyner com que me identifico bastante e que penso ser algo que toca a todos nós algures na nossa vida.

A Hora da Partida
A hora da partida soa quando
Escurecem o jardim e o vento passa,
Estala o chão e as portas batem, quando
A noite cada nó em si deslaça. 
A hora da partida soa quando
As árvores parecem inspiradas
Como se tudo nelas germinasse. 

Soa quando no fundo dos espelhos
Me é estranha e longínqua a minha face
E de mim se desprende a minha vida. 



Sophia de Mello Breyner Andresen

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