segunda-feira, 14 de maio de 2012

CONTO IMPOPULAR: A história do nada!

Era uma vez uma coisa que por mais coisa que fosse não passava, nada mais, nada menos, do que do sr. Nada. Aliás, ser considerado um ser foi uma batalha que teve de combater desde a sua existência até ao Sr. Dr. Tudo ter pena dele. Lá lhe assinaram os papéis com uma caneta cor-de-rosa choque encontrada no chão sem lhe dizer nada que valesse alguma coisa e o já sr. Nada voltou para onde nadava. A sua aldeia chamava-se Nadice e não tinha nada que o pudesse fazer sentir mais do que uma coisa. Não se viam nuvens. Não se viam pássaros. Não se viam casas. Não se viam carros. Não se viam pessoas. Não se via nada. Os nadas não são cegos. Nada disso. Prova disso, é que nem preto avistam. Simplesmente, não havia nada para ver.
Certo dia, o sr. Nada ficou cansado de viver com a srª Ninguém, condenado a nadar pelo vazio da Nadice, e decidiu sair à procura do tudo. Esvoaçou pela floresta com toda a força que guardava no seu nado e quando menos esperava encontrou o sr. Tudo. Este, não o conseguiu ver. Talvez nem tenha tentado. Mas como o sr. Nada não tinha nada, não lhe faltou espaço para absorver o sr. Tudo.
Cumprido o seu sonho, o sr. Nada, que já tinha Tudo, nada mais tinha para fazer a não ser aproveitá-lo. Apanhou todas as flores e frutos da floresta com os seus braços. Explorou todos os lugares do mundo à custa das suas pernas. Conquistou todas as meninas Tudices com o seu cheiro. Venceu todos os desportos com a sua bravura.
Até que um dia arrebentou e expeliu todo o Nada que possuía. Era oficial. O sr. Nada já nada tinha de Nada. O sr. Nada já era o sr. Tudo! Porém, sentiu falta de algo. Não sabia bem dizer o quê, visto que já tinha Tudo, mas acabou por decidir procurar qualquer coisa pela Nadice, o único lugar que enquanto Sr. Tudo ainda não tinha visitado, e sem suspeitar de nada foi absorvido pelo sr. Nada.
Só que desta vez, o sr. Nada não passou a ter tudo, limitando-se a converter o sr. Tudo em Nada. Afinal, estavam na Nadice e neste lugar, tudo é nada.
O sr. Nada nunca mais quis procurar o sr. Tudo, porque dentro do seu nada tinha outro nada que o fazia feliz!

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