quinta-feira, 1 de maio de 2014

Unidade

Esqueci-me de poetizar esta vida que não canta
E que adormeceu no meu figurino sofrido
Nas minhas unhas pintadas, no meu rosto de santa
Na minha voz aberta e grossa, mas tão doce de ouvir
Tão fácil de chamar, tão difícil de calar!
Não,
Não te darei esse beijo que sempre quiseste
Mas que nunca irás querer quando for teu!
Nem serei essas duas musas que te prendem
Com a força da fraqueza e o encanto da dureza
E com tudo o que nunca terás porque não o sou.

Terás de te perder na banalidade da noite
Tão cheia de gente, tão cheia de nada,
Onde gritam morcegos
Que caminham sem avançar na estrada
E que bebem, bebem, bebem,
E nada esquecem!
Terás de ser um desses morcegos
Alegres e animados,
Vazios e inanimados,
Para desejares a minha complexidade
E amá-la como uma só!

4 comentários:

  1. Um excelente poema. Muito intenso e esteticamente muito belo.
    "Terás de te perder na banalidade da noite
    Tão cheia de gente, tão cheia de nada,
    Onde gritam morcegos
    Que caminham sem avançar na estrada
    E que bebem, bebem, bebem,
    E nada esquecem!"
    Gostei mesmo, amiga.
    Um beijo.

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  2. estimulante complexidade...

    o poema é muito belo

    beijo

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  3. E um poema no dia da Poesia?
    Espero que estejas bem.
    Um beijo.

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