quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Passagem de nível

Separo a alma por níveis de respostas
Às questões que me nasceram intrínsecas
Num buraco que não pretendo tapar.
Os dias são demasiado longos
O tempo escapa-me
A vida fica curta
O buraco continua vazio.

Agarra a paz dos mortos vivos
A paixão frenética dos que sentem
A solicitude dos que já pensaram
O marte dos que nunca saíram do sítio
A canção dos que encantam
A beleza dos olhos cansados,
Agarra-Te e coloca-Te
Onde descobriste que existe o que desejas.
Dança ao som das questões que te fazem estremecer
E das palavras que nunca foram seres,
Mas que já foram usadas tantas vezes.
Deixa que Te atirem pedras,
Que se provoquem incêndios no inverno,
Que se queimem os resquícios do que nunca foi
Mas foge,
Foge,
Foge,
Sempre que aquilo que te elevam,
Faça força na terra,
E aumente o buraco
Em vez de se deixar cair como um íman
Que respira dentro das tuas paredes.


2 comentários:

  1. Torna-se urgente refazer o frágil caminho do tempo que nos escapa. Mesmo que seja com palavras que se transfiguram em seu próprio espanto...
    Um belo poema, Teresa.

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    1. Os dias poderiam ser aproveitados de tanta maneira, mas aquilo que fazemos que verdadeiramente nos diferencia e que nos marca, acabam por ser frinchas que ficam guardadas na memória.. De repente, parece que a vida se torna curta! Obrigada pela sua leitura :)

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